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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Projeto- Sementes da África


Diagnóstico da escola (com relação à aplicação da Lei 10.639):
A escola enfrenta uma realidade que a envolve e desafia, não podendo estar alheia a este processo de mudança, pelo qual o mundo está passando.
Há de se resgatar como tarefa urgente e inadiável os valores tais como: cooperação, respeito aos direitos humanos, responsabilidades, honestidade, organização dos valores, compromisso político, competência técnica e ética, para uma atuação de mudança e transformação, exigindo uma nova postura da escola. A escola é um lugar privilegiado para o debate com crianças e jovens em busca do resgate dos valores que possam tornar a sociedade mais justa, mais humana tendo como objetivo permitir o exercício da cidadania em busca da felicidade individual e coletiva, e o seu ponto de partida são o reconhecimento dos direitos humanos e o exercício dos direitos e deveres da cidadania como fundamento da preparação do educando para a vida.
Partindo desse pressuposto é que a escola busca através da aplicação da Lei 10.639 programar uma educação desafiadora através de uma nova leitura sobre o lugar da África na história da humanidade e o papel do afro descendente no Brasil, não mais estigmatizados e nem postos à margem da história oficial, mais sim, como agentes construtores e transformadores da sociedade brasileira.

Apresentação  da Proposta                                                                                                                            


O Brasil teve grande influência dos negros africanos na vida econômica, social e cultural. Eles trabalharam na lavoura, e nas minas e, no período colonial, nos engenhos e plantações. Supõe-se que os primeiros negros africanos chegaram em 1538 e que só foram oficialmente libertos em 1888.
Suas marcas deixadas em nossa cultura estão presentes em nosso cotidiano. E foi graças à mãe negra que transmitia para seus filhos as estórias, lendas, contos, mitos, deuses e animais encantados vindos de suas origens que essas sementes plantadas na alma e no inconsciente de brancos e negros ainda hoje germinam em nossa cultura.
Nas famílias da época da escravidão eram as escravas que amamentavam e criavam os filhos da mãe branca: a ama negra dava de mamar ao bebê branco, o embalava no berço e lhe ensinava as primeiras palavras e as cantigas de ninar.
Os filhos das senhoras brancas conviviam até os cinco ou seis primeiros anos com os filhos das negras escravas com os quais brincavam de carrinhos de madeira, de pião, montar a cavalo nos próprios escravos entre outras brincadeiras.
No interior da Casa Grande as meninas brincavam de faz de conta de mucama e senhora mandando nas criadas. As bonecas eram suas filhas.
Além dessas brincadeiras as crianças escravas também brincavam aos domingos, que era seu dia de folga, de mamba, roda cutia, nadar nos rios, empinar papagaio entre outras tantas que chegaram até nossos dias.
Segundo a tradição existem no mundo três importantes jogos de reflexão: o xadrez no ocidente, o go na Ásia e o awalé ou mancala na África. Ao jogar mancala o que se está fazendo é repetir os ciclos da natureza: o cultivo do solo e as colheitas que seguem o ritmo das estações. Para se jogar utilizam-se as sementes. Suas estratégias são exercícios de cálculos matemáticos, pelos quais se desenvolve a rapidez mental, a lógica e a concentração. Tudo isso numa única brincadeira.
Partindo desses conhecimentos o projeto foi desenvolvido com crianças do 1º ano do Ensino Fundamental, buscando trabalhar de maneira lúdica a influência africana nas brincadeiras infantis.

Há em nossa alma cansada, mesmo sendo a vida atroz, criança eterna e levada que brinca dentro de nós.
                                                                                                                            (Alberto F. Bastos)

Objetivos da ação:


_ Valorizar a cultura negra e seus afro- descendentes e afro-brasileiros, na escola e na sociedade;
_ Entender e valorizar a identidade da criança negra;
_ Redescobrir a cultura negra, embranquecida pelo tempo;
_ Trazer à tona, discussões provocantes, por meio das brincadeiras, lendas, costumes e cantigas de roda para desmitificar o preconceito existente com relação à cultura africana;

Justificativa

O trabalho procurou envolver todas as disciplinas tendo como foco a educação voltada para a consciência da importância do negro para a constituição e identidade da nação brasileira e principalmente, do respeito à diversidade humana e a abominação do racismo e do preconceito, desenvolvido por meio de um processo educativo do debate, do entorno, buscando nas nossas próprias raízes e herança biológica e /ou cultural trazida pela influência africana.

Historicamente, o Brasil, no aspecto legal, teve uma postura ativa e permissiva diante da discriminação e do racismo que atinge a população afro-descendente brasileira até hoje. Nesse sentido, ao analisar os dados que apontam as desigualdades entre brancos e negros, se constatou a necessidade de políticas específicas que revertam o atual quadro. No entanto, isso só foi possível a partir da Lei 10.639 de 2003 que tornou obrigatório nas escolas a História da África e dos afro-descendente no Ensino Fundamental e Médio, fazendo com que em nossas escolas a história e tradição do povo negro no Brasil, desde a trajetória dos seus descendentes vindos da África fossem tratada com respeito e importância sem estereótipos e racismo.

Para tanto, foi elaborado o Projeto Sementes da África sobre as brincadeiras infantis das crianças negras no tempo da escravidão e que ainda influenciam nossas crianças até os dias atuais. Foram desenvolvidas atividades que possibilitaram aproximar os alunos da riqueza cultural afro-brasileira, privilegiando a questão da identidade, do respeito à diversidade e da auto-aceitação, como também aumentar a auto-estima da criança negra, pois se deve começar pelos pequenos a conscientização dos valores e importância da cultura africana em nossa sociedade.

Estratégias de ação:

_ Ler para os alunos diversos tipos de textos como: histórias, contos, poesias, mitos e lendas sobre o tema;
_ Incentivar os alunos a construírem painéis através de recortes de imagens;
_ Oferecer ao aluno a oportunidade de se expressarem através de desenhos produzidos em folhas diversas e com variados matérias suas opiniões sobre o tema;
_ Levar os alunos a confeccionarem jogos através de materiais recicláveis (caixa de ovos, sementes, tampinhas de refrigerantes);
_ Cantar com os alunos cantigas de ninar e cantigas de rodas relacionadas à temática do projeto;
 _ Brincar das mais variadas brincadeiras de origem africana como: mamba, mancala, cantigas de ninar e roda entre outras;
_ Incentivar os alunos a produzirem materiais para a montagem do cenário da apresentação de teatro;
_ Motivar e preparar os alunos para a apresentação de teatro sobre o tema.

Metodologia empregada:

O Projeto Sementes da África foi desenvolvido seguindo as seguintes etapas: pesquisas bibliográficas onde se buscou subsídios, principalmente na obra de Heloisa Pires Lima A semente que veio da África, debate e construção de painéis feitos pelos alunos, confecção de jogos da mancala, confecção de cartazes sobre o continente africano na atualidade e da época da escravidão onde foram debatidos com os alunos através de rodas de conversas de produção de desenhos os temas relevantes sobre os costumes e tradições africanas, montagem de cenário para apresentação das brincadeiras africanas realizadas através de materiais recicláveis. Após debates e confecção de materiais sobre os jogos, cantigas de ninar, cantigas de roda, foi apresentado através de teatro o resultado final do projeto a toda a comunidade que foi convidada a participar na escola do Projeto sobre Cultura Africana.

Critérios de avaliação:

_ A avaliação ocorrerá de forma processual e continua, pois o projeto visa à conscientização em longo prazo no processo educacional.
Outras informações:
O projeto Sementes da África foi desenvolvido com crianças de 6anos que estudam no 1º ano do Ensino Fundamental com o objetivo de despertar desde a infância, a curiosidade pelas brincadeiras e pela cultura africana, permitindo assim que afro-descendentes busquem respeitar sua herança cultural cultivando um sentimento de orgulho e não de discriminação como vem ocorrendo no decorrer dos tempos.

O Projeto será ampliado para os alunos do Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano, buscando um novo enfoque através da influência africana em nosso cotidiano.


Descrição dos anexos (fotos, atividades, etc)

As fotos acima mostram algumas atividades desenvolvidas durante o Projeto Sementes da África.
 Após a leitura do livro de Heloisa Pires Lima, A semente que veio da África, que entre tantas valiosas informações, mostrou os jogos com sementes de baobá, bem como a lenda sobre essa importante e fascinante árvore para a cultura africana. Foram produzidos pelos alunos desenhos que ilustram a vida, a cultura a arte e algumas brincadeiras e jogos das crianças africanas. Procurou-se focalizar nos jogos de sementes como, por exemplo, a mancala que é um jogo de raciocínio que pode ser jogado por crianças e adultos.  Foram utilizadas embalagens de ovos para a confecção dos tabuleiros e de sementes de feijão e milho para se jogar. Também foram confeccionados cartazes com recortes de imagens que ilustram as brincadeiras infantis do tempo da escravidão no Brasil, bem como, de outras que ilustram algumas partes do continente africano na atualidade e da herança cultural que esses povos deixaram aos seus descendentes aqui no Brasil.
Para encerrar o projeto foi apresentado para a comunidade um teatro sobre o jogo da mancala, mamba, cantigas de ninar, cantigas de rodas, brincadeira com carrinhos e piões de madeira. Foi montado na sala de aula um cenário onde se tentou reproduzir uma sala de estar e o quintal do período colonial onde as crianças encenaram a mucama ninando o bebê do senhor de engenho com cantigas de ninar como o boi da cara preta, nana nenê entre outras. Outros representaram o jogo da mancala, que na África era jogado com as sementes do baobá. Os demais alunos representaram no mesmo espaço o quintal da casa grande, crianças brincando de cantigas de roda de influência africana. Também foram recitados poemas da cultura africana. Tudo em um cenário que procurou reportar os expectadores aos tempos coloniais mais buscando sempre ressaltar a importância de se preservar a cultura dos afros- descendentes e sua influência em nossos dias.
Algumas das imagens do painel África cultura também foram tiradas do livro A semente que veio da África da autora Heloisa Pires Lima com ilustrações de Véronique Tadjo.

Referências bibliográficas:
 Livros:
LIMA, Heloisa Pires. A semente que veio da África. 4 ed. São Paulo: Salamandra, 2005.
Sellier, Marie. A África, meu pequeno Chaka. São Paulo. Companhia das Letrinhas, 2006.
TIMBÓ, André Alves. Hoje é dia de Geografia, 3º ano. 1ed. Positivo. 2007.
VASCONCELOS, José Antonio; MOREIRA, Claudia Regina Baukat Silveira; JOANILHO, André Luiz. Hoje é dia de História, 3º ano. 1 ed. Positivo. 2007.

Sites visitados:
BARROS, Jussara. Resgatando brincadeiras antigas. Brasil Escola, disponível em www.brasilescola.com.br.
BERNARDES, Elizabeth Lannes. Jogos e brincadeiras tradicionais: um passeio pela História, disponível em www.faced.ufu.br.
COELHO, Luciano Silveira. Jogos e brincadeiras africanas, disponível em www.portalprofessor.mec.gov.br.
Revista do Professor. Mancala: Jogo de tabuleiro de origem africana explora valores e habilidades. Out/dez 2008. 





                                                               
                                                                     





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