INTRODUÇÃO
O Projeto: Plantio de árvores no Cais de Porto Amazonas, procurou atingir diretamente os alunos da 2º Série B_ da Escola Municipal _ Professor Antonio Tupy Pinheiro_ EF, para que através dele possamos despertar a sensibilidade da comunidade com relação às questões ambientais que envolvem o cais do Porto, um ponto turístico importantíssimo, não só para a História do município como também para o contexto da economia paranaense; através do resgate histórico da importância que o local teve no século XX.
Com o Projeto pretendeu-se através de parceria com a Divisão Municipal de Meio Ambiente e com a colaboração do Grupo Ambientalista de Porto Amazonas (GARI), fazer o plantio de mudas de árvores nativas nas margens do rio Iguaçu no local do antigo cais, onde o Coronel Amazonas fundador da cidade ancorava seu barco, sendo que o plantio ocorreu no mês de abril, dentro do Projeto do Governo do Estado de replantar a Mata Ciliar e se estendeu por todo o ano letivo conforme atividades relacionadas no decorrer do projeto.
OBJETIVO GERAL
* Colaborar no fortalecimento de ações dos movimentos ambientalistas locais na preservação da Mata Ciliar, bem como, resgatar a História de um importantíssimo ponto turístico do município, o Cais do Porto.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
* Estimular a participação dos alunos na luta pelo reflorestamento da Mata Ciliar;
* Promover espaços de discussão e ações sócios - educativas na escola envolvendo professores e alunos para discutir a questão ambiental e a importância da preservação da Mata Ciliar;
* Contribuir com o resgate histórico do cais do porto onde começou o Município de Porto Amazonas;
* Desenvolver atividades que despertem o interesse dos alunos na preservação dos recursos ambientais.
DESENVOLVIMENTO
O projeto foi iniciado no mês de março com atividades relacionadas ao Dia Mundial da Água, foram abordados temas sobre o consumo de água no planeta, sendo que, primeiramente foi trabalhado com os alunos o ciclo da água, a formação e a importância das chuvas para a vida no planeta, cuidados que devemos ter no consumo e conservação dos mananciais de água. Em seguida foi proposta uma discussão sobre: A Questão da Escassez da Água no Planeta. Após o debate foi proposto uma atividade onde os alunos teriam que representar a questão da água através de desenhos, sendo que os mesmos participaram de um concurso de desenhos sobre o “Dia Mundial da Água”, promovido pela Divisão Municipal do Meio Ambiente.
No mês de abril, atendendo a um convite do Grupo Ambientalista de Porto Amazonas (GARI) e da Divisão Municipal de Meio Ambiente, os alunos das segundas séries A e B, participaram do plantio de mudas de canela do mato, na faixa ciliar do rio Iguaçu, no Cais do Porto de Porto Amazonas.
Na ação ambiental foram distribuídas cartilhas sobre a Mata Ciliar pelos ativistas do GARI, além de terem sido dadas explicações sobre a importância das árvores para a biodiversidade e para a preservação do rio Iguaçu.
Esse acontecimento aguçou muito o interesse dos alunos pela preservação do Cais do Porto, o que fez com que alunos e escola passassem a dar mais destaque ao assunto da preservação da Mata Ciliar, através da confecção de cartazes informativos, anexados pelos corredores da escola e distribuídos para a comunidade.
Aproveitando o tema a professora sugeriu começar um trabalho de “Resgate da Memória Histórica do Cais do Porto: Onde tudo começou...”, pois é um local de muita importância não só para o município de Porto Amazonas, como também para o contexto estadual, pois o porto de navegação fluvial de Porto Amazonas foi um dos mais importantes caminhos de transporte do progresso do estado do Paraná no início do século passado. (Linha do Tempo em anexo). E assim foi dado início ao Projeto: Plantio de árvores no cais de Porto Amazonas.
A primeira atividade realizada foi feita através do poema Saudade de autoria de Jáder Bianco descrito a seguir:
SAUDADE
I
O porto estava lotado
E o povo andando apressado
Era aquele vai e vem
A viagem era embarcada
Quase não existia estrada
Ainda não havia o trem
Ouvi o vapor apitar
Era hora de zarpar
Do cais de Porto Amazonas
Ali na primeira curva
O marujo até se encurva
Para dar adeus à sua dona.
II
A viagem era demorada
A carga muito pesada
O vapor ia serpente Nando rio abaixo
Lá adiante tinha pescador
À noite ouvindo o ronco do vapor
Para vê-lo passar, corria acender um facho
Peixe tinha em abundância
Lembrando ainda era criança
Das primeiras pescarias
Passava o v apor carregado
A gente ficava assustada
Depois só havia alegria.
III
Eram tantas lanchas e vapores
Que transportavam valores
Com certa segurança e pontualidade
Os portos mais movimentados
Foram crescendo virando povoados
Transformaram-se em cidades
Porto Amazonas e a sonhada Palmira
De cidade à condição de distrito vira
São Matheus, Irineópolis, antiga Valões
União da Vitória e Porto Vitória
Que fazem parte da história
Desde os desbravadores dos sertões.
IV
Se voltarmos rio acima
A largura do rio termina
Onde a margem fica estreita
E ali em Paula Pereira
Que o Iguaçu sobe pra esquerda
E o Negro pra direita
Seguindo o rio Negro adiante
Não precisa andar bastante
Para chegar a Marcílio Dias
E encontrar o rio Canoinhas
De onde erva-mate vinha
Nas barcas seguindo as hidrovias.
V
Entre as matas com taquaras
Logo adiante é Três Barras
Que ficava antes de Antônio Olinto
O porto do Corvo Branco faz lembrar
Terra do Capitão França Bach
Pois ali morava o distinto
A viagem continuava subindo
As embarcações iam sumindo
E cada curva um apito
Rio da Várzea e Barra Grande
E o Negro que se expande
A cidade acolhedora e o rio muito bonito.
Após a leitura do poema foram feitas atividades procurando analisar como era o cuidado que as pessoas tinham com o rio, pois o poema relata que tinha muitos peixes e que ele era utilizado para fazer o transporte de madeira e erva- mate. Foi proposto um debate sobre a questão ambiental da época, que se por um lado o rio era mais limpo pela necessidade da navegação, por outro transportava muita madeira e erva-mate ambas as atividades extrativista que acabaram prejudicando o meio ambiente, pois colaboraram com a devastação das matas no estado.
A partir desse debate foi proposto aos alunos que fizessem entrevista com seus familiares para descobrirem como era a vida das pessoas no tempo dos vapores, como trabalhavam e como era o local do cais do porto na época da navegação. Em seguida foi feito leituras do livro “Vapores” de Arnoldo Monteiro Bach, que relata fatos do cotidiano das pessoas no tempo do auge da navegação no rio Iguaçu. Baseado em um relato sobre a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, que foi narrada pelo senhor Dirceu José de Britto, os alunos fizeram desenhos que foram expostos em um mural da escola. Onde foi procurado enfatizar como era as margens do rio Iguaçu na época em que era utilizado como um cais natural e assim mesmo ainda mantinha uma parte da Mata Ciliar. Logo em seguida foi confeccionado um mapa conceitual através de fotos do cotidiano do cais, com seus vapores, com mercadorias e pessoas sendo transportadas, assim como fotos da limpeza e conservação das margens contra a erosão. Logo em seguida foi relatada a História do progresso da pequena colônia que pertencia ao município de Palmeira e que graças ao movimento do Porto de Navegação e da Estrada de Ferro conseguiu se emancipar e tornar-se município autônomo em 1947 (Linha do Tempo em anexo).
Após um mês voltamos ao cais para verificarmos se as mudas que tinham sido plantadas haviam brotado e após termos feito a limpeza em torno das mudas de canela nativa constatamos que algumas não tinham vingado. Ao retornarmos a escola entramos em contato com a Divisão Municipal de Meio Ambiente e solicitamos, mas algumas mudas para que pudéssemos replantar no local. Alguns dias depois voltamos e foi replantado para garantir que o local terá ao menos mais algumas árvores, pois nos últimos anos o local tinha sido transformado em um lixão e só agora é que a Prefeitura Municipal (seu prédio atual é uma réplica do vapor Cruzeiro) está revitalizando com obras de infra-estrutura para o turismo e assim estamos contribuindo com o plantio das árvores que serviram entre outras vantagens para fazer sombra nas margens do cais que hoje está totalmente desprotegida.
Durante os meses seguintes foram trabalhados assuntos (conforme o planejamento anual da 2º série), relacionados à questão do solo, água, zona rural e urbana, história e geografia do município, sendo que todo o tema foi relacionado com a questão da revitalização e preservação do Cais do Porto, procurando sempre enfatizar as atitudes que precisamos ter para podermos melhorar o lugar que vivemos.
No mês de agosto fizemos um passeio pela zona rural do município procurando perceber as transformações provocadas pelo homem na natureza e visitamos outro antigo cais, que foi o primeiro local onde os vapores ancoravam e que se chamava Porto das Laranjeiras, nesse local os alunos perceberam que a Mata Ciliar já está totalmente refeita, pois, hoje se encontra dentro de uma propriedade particular e os proprietários preservaram às margens do rio. Também observaram que hoje em dia no município tem uma vasta área de plantações de frutas, principalmente de maçãs e que por isso é considerado um dos maiores produtores da fruta do Estado do Paraná. Com esse passeio todos voltaram mais entusiasmados e acreditando que se continuarem cuidando das árvores que foram plantadas no cais do Porto que fica no centro da cidade poderá conseguir refazer a Mata Ciliar.
Após o passeio foram realizadas atividades relacionadas com a importância da preservação ambiental, sobre o uso correto do solo, a reciclagem, a maneira correta como devemos usufruir os recursos naturais e questões importantes sobre como utilizar os recursos da natureza em nosso favor, sem a necessidade do consumismo desenfreado e mostrando que é possível vivermos e termos uma vida sadia se soubermos utilizar bem os recursos que a natureza nos dá.
No Dia da Árvore retornamos ao cais para cuidarmos das árvores e constatamos que todas estavam crescendo bonitas. Nessa ocasião convidamos o Senhor Otávio de Melo, que é avô de um dos alunos, e que trabalhou no período da navegação, para contar suas experiências. Todos escutaram atentas as suas histórias e ele comentou da importância do projeto que os alunos estão participando para a preservação desse importante local, pois toda a História do Município começou através desse cais.
LINHA DO TEMPO
HISTÓRICO DE PORTO AMAZONAS
1870- O Senhor Coronel Amazonas de Araújo Marcondes, estudou e projetou o início da navegação no rio Iguaçu, vindo da região dos Campos de Palmas;
1880- Os 360 quilômetros eram navegáveis do rio Iguaçu era percorridos por canoeiros que transportavam mercadorias. Em 1882 foi lançado às águas do rio Iguaçu o vapor “Cruzeiro” de propriedade do Coronel Amazonas. Viagem inaugural com destino a Porto União foi bem sucedida e duraram dois dias;
1890- O segundo vapor, o “Visconde de Guarapuava”, iniciou a rota em 1889 e logo após o rebocador “Brasil”;
1900- Após o lançamento dos dois vapores, o movimento foi se intensificando, surgindo inúmeros vapores para atender à demanda do transporte fluvial da erva-mate, madeira e mercadorias das mais variadas;
1910- A navegação crescia em ritmo acelerado, surgia à ferrovia que encurtava caminhos e facilitava a comunicação com outras localidades. Diversas empresas que exploravam o transporte fluvial se fundiram e formou a Sociedade Anônima Lloyd Paranaense, o que melhorou a eficiência do transporte fluvial. O município era colônia da Comarca de Palmeira;
1920- Entre 1915 e 1920 o povoamento teve um expressivo progresso, pois nesta época havia grandes empresas como Leão Júnior, Betega e outras.
A erva- mate, a madeira, e todo o tipo de mercadorias eram trazidos da região Sudeste e dos municípios de Porto União, União da Vitória, São Mateus etc., dezenas de vapores transportavam e depositavam em armazéns e nos pátios nas proximidades da linha férrea aguardando o embarque para os grandes centros de industrialização;
1930- Durante está década o Governo Federal criou a Comissão de Estudos e Melhoramentos do rio Iguaçu, a fim de dar assistência técnica às deficiências apontadas pelo regime hidráulico do rio, beneficiando assim a navegação. Os trabalhos eram de limpeza do leito, retirando pedras, árvores caídas e outros entulhos. Trabalho desenvolvido até 1976.
1940-Instalada à Empresa de Engenharia Machado da Costa (a maior da América Latina).
1947- O município foi elevado à categoria de Município autônomo, independente do Município de Palmeira.
1950- A cidade viveu momentos de intensa agitação. A ferrovia veio dar continuidade ao ritmo acelerado que a navegação trouxe o pátio da estação sempre movimentado, carregavam e descarregavam mercadorias dos armazéns proporcionando empregos à população.
1955- Nesse período cessou completamente a navegação do rio Iguaçu devido à construção da rodovia do Xisto;
1960- A Estrada de Ferro do Paraná é ampliada e o município continua progredindo através da Estrada de Ferro que era a principal via de transporte;
1970- Houve a desativação da Estrada de Ferro, todas as semanas partiam muitas famílias de mudanças, caracterizando assim o declínio e o empobrecimento do Município. Somente a partir de 1976 que se iniciou o plantio de maçãs, que então a economia voltou a melhorar;
1980- Nessa década é iniciada a Festa da Maçã que passará a fazer parte do Calendário Turístico da cidade, comemorada todos os anos no mês de fevereiro;
1990- Nesta década aumenta a produtividade da maçã e o município passa a ser conhecido como sendo “A Terra da Maçã” por ser um dos maiores produtores de maçãs do estado do Paraná.
A comercialização atende os mercados regionais, estendendo-se aos estados de: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco e exporta a países vizinhos como Argentina, Uruguai e Paraguai.
2000- O município passa a plantar e comercializar mais frutas como: ameixa, caqui, pêra, Kiwi e morangos. Sendo que também ampliou seu mercado de exportação, pois as frutas agora são exportadas para a Europa e Ásia. Toda a economia do município está voltada para a produção agrícola.
CONCLUSÃO
Ao longo do ano letivo de 2010, procurando cumprir com os objetivos proposto no planejamento anual da 2 º série, que prevê o desenvolvimento de atividades relacionadas com o conhecimento da História e Geografia do Município, bem como com as questões relacionadas com a água, solo, desmatamento e preservação ambiental foi trabalhado o Projeto: Plantio de árvores no cais de Porto Amazonas, tendo, pois como finalidade despertar nos educandos o interesse por esse local, que faz parte do contexto histórico, que fica bem próximo da escola e, no entanto era desconhecido de muitos alunos, pois no desenvolvimento do trabalho quando as famílias foram envolvidas no projeto através das entrevistas, percebeu-se que as mesmas não tinham o hábito de contarem as Histórias de como a cidade surgiu e muitos nem se quer conheciam o local que fica próximo ao centro da cidade.
Ao concluir o projeto pode-se constatar, inclusive através das atividades, que o interesse dos alunos foi despertado pelo cuidado que devemos ter com as árvores e principalmente às que estão sendo replantadas nas faixas ciliares, como no caso à margem do cais do Porto, sendo que em uma das suas margens estava totalmente desprotegida.
Igualmente, constatou-se que as famílias passaram a dar mais valor a esse local, inclusive indo passear com seus filhos no cais do porto aos fins de semana, pois os mesmos queriam estar sempre cuidando e verificando se suas árvores estavam bem cuidadas e isso foi um dos fatores que colaborou para o sucesso do desenvolvimento do projeto.
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